domingo, 8 de agosto de 2021

Exposição virtual "A Desfiguração como Exercício Gráfico"

Apesar do extenso histórico cultural, o humor foi pouco abordado em Atibaia. É um vácuo que esporadicamente é preenchido por artistas isolados ou espaços culturais que se propõe a fazê-lo. É o caso do Instituto Garatuja no qual sou fundador que, de tempos em tempos, desenvolve um trabalho voltado à linguagem do humor com seus participantes. Composto basicamente de jovens e crianças, os trabalhos gerados por nossos alunos renderam inúmeros frutos materializados na participação, e principalmente na premiação, no maior salão de humor realizado no país para esse segmento: O Salãozinho de Humor de Piracicaba. Para desenvolver o ensino do humor recorro à charge e a caricatura, que são duas linguagens distintas. Na caricatura tenho maior identificação e realizo um trabalho autoral paralelo ao ensino, com o intuito de aprender para poder ensinar. É este material que estou tornando público. São trabalhos pouco vistos embora tenha, com eles, participado de importantes salões de humor no Brasil e no exterior. As caricaturas foram realizadas em diferentes épocas e técnicas como aquarela, guache, grafite, colagem, óleo sobre tela e até com caneta esferográfica (caneta bic) e retratam diferentes personalidades públicas da política, das artes, do esporte ou religioso que em determinado momento me chamaram a atenção. Nesta mostra os trabalhos estão dispostos por ordem de data, de cima para baixo, sendo os primeiros desenhos realizados em 1978, quando tinha dezenove anos. Meu interesse pela linguagem aconteceu 5 anos antes, quando vi uma exposição de caricaturistas franceses em São Paulo. Foi impactante! A palavra caricatura, do italiano “caricare”, significa “carregar, no sentido de exagerar, aumentar algo em proporção” e surgiu no século XVII com o pintor Agostino Carracci, da Bolonha, o qual criou uma galeria com caricaturas dos tipos populares da sua cidade. De maneira geral, a caricatura é um desenho cujo objetivo principal é enfatizar e exagerar as características de uma pessoa e revela um retrato bem-humorado, cômico ou irônico no que se refere aos aspectos físicos do caricaturado e aos aspectos psicológicos e/ou comportamentais, como gestos, vícios e hábitos particulares. Sou amador na área, utilizando a caricatura como exercício gráfico (enfatizado no titulo da exposição), porque considero uma das linguagens mais complexas das artes visuais. Mais que retratar, é necessário distorcer o modelo buscando em sua fisionomia os elementos que compõe sua síntese estética e ao mesmo tempo recombiná-lo de forma a mantê-lo reconhecível. Neste sentido a caricatura vai além do “retrato figurativo” apresentando dificuldades maiores em sua execução. Acompanha a exposição imagens fotográficas e um pequeno texto explicativo sobre cada personagem abordado, uma vez que alguns dos caricaturados, em função do tempo percorrido, já não fazem parte do repertório da maioria do publico a ser atingido. Uma das intenções da exposição é dispor a linguagem do humor como elemento de conhecimento histórico e reflexivo da realidade mundial, além de oferecer entretenimento e humor num momento tão tenso em que passa o país, seja por razões políticas, seja pela catastrófica situação sanitária que atravessamos em razão da epidemia do Coronavírus. Por fim gostaria de agradecer a Secretaria de Cultura e ao Compocat pela oportunidade, assim como parabenizá-los pela realização do 2º Festival Culturar-te – Atibaia em Casa.

Bom divertimento!

Márcio Zago

























































































































































quarta-feira, 14 de julho de 2021

Caricatura e Humor no livro "A Expressão Gráfica da Criança"

 

Em 2019 o Instituto Garatuja lança o livro A Expressão Gráfica da Criança nas Oficinas do Garatuja – Técnicas e Procedimentos, de Márcio Zago. No livro o autor relata suas experiências em mais de três décadas de trabalhos consecutivos no ensino das artes plásticas para jovens e crianças. Entre as atividades destaca-se o humor, e principalmente a caricatura, como meio expressivo. O livro foi prêmio PROC 2018.












segunda-feira, 25 de julho de 2016

Jean-Michel Folon















Tenho um livrinho que guardo há muito tempo - Le Message, de Folon. Livrinho antigo, de 1967, auge da carreira do artista belga Jean-Michel Folon. Eclético, Folon foi ilustrador, escultor, serigrafista, aguarelista, além de produtor de filmes, cenários e de materiais publicitários. Fez parte da chamada escola contemporânea francesa, que a partir da 2ª Guerra Mundial trocou o escracho panfletário pela sutileza do traço no humor. Os humoristas dessa época passaram a abordar temáticas voltadas as questões humanas, filosóficas e sociais, assim como se dedicar mais a elaboração estética dos desenhos. Em seu trabalho fica visível a tênue separação entre humor e arte, tanto que Folon foi premiado na Bienal de Arte de Veneza. Nesse livrinho, um poema visual que brinca com a impossibilidade da comunicação, contém todos os elementos que marcam seu universo criativo: os homens tornando-se anões frente à proliferação dos símbolos e certa desumanização, tristeza e solidão, quase libertadora. Gosto muito do seu trabalho e acho que ainda vou guardar esse livrinho por muito tempo.

segunda-feira, 2 de maio de 2016

Desenhando com o fígado.

“A palavra humor provavelmente tem sua origem na terminologia médica que predomina humor qualquer fluído do nosso corpo, tal como humor aquoso ou o humor vítreo do globo ocular. Na medicina medieval, os quatro humores do corpo humano eram o sangue, a fleuma, a bílis amarela e a bílis negra. Supunha-se que uma pessoa era saudável quando os quatro humores estavam combinados em harmonia no seu corpo. Daí o bom humor, ou seja, estar em perfeita harmonia consigo mesmo e com os outros.”* 
*Caricatura – A imagem Gráfica do Humor, de Joaquim da Fonseca

Considerando o texto acima, chego à conclusão que uso da caricatura como forma de equilíbrio. Frente à turbulência política que hora nos abate, e a total incapacidade de reação, sinto uma necessidade quase incontrolável de botar no papel a cara de quem tenho ojeriza de ver. Simbolicamente posso destruí-lo no traço, mesmo sabendo que esse ato possa ter resultado inverso. Não faz mal. Agora está no papel! Quem disse que não se desenha com o fígado?