segunda-feira, 25 de julho de 2016

Jean-Michel Folon















Tenho um livrinho que guardo há muito tempo - Le Message, de Folon. Livrinho antigo, de 1967, auge da carreira do artista belga Jean-Michel Folon. Eclético, Folon foi ilustrador, escultor, serigrafista, aguarelista, além de produtor de filmes, cenários e de materiais publicitários. Fez parte da chamada escola contemporânea francesa, que a partir da 2ª Guerra Mundial trocou o escracho panfletário pela sutileza do traço no humor. Os humoristas dessa época passaram a abordar temáticas voltadas as questões humanas, filosóficas e sociais, assim como se dedicar mais a elaboração estética dos desenhos. Em seu trabalho fica visível a tênue separação entre humor e arte, tanto que Folon foi premiado na Bienal de Arte de Veneza. Nesse livrinho, um poema visual que brinca com a impossibilidade da comunicação, contém todos os elementos que marcam seu universo criativo: os homens tornando-se anões frente à proliferação dos símbolos e certa desumanização, tristeza e solidão, quase libertadora. Gosto muito do seu trabalho e acho que ainda vou guardar esse livrinho por muito tempo.

segunda-feira, 2 de maio de 2016

Desenhando com o fígado.

“A palavra humor provavelmente tem sua origem na terminologia médica que predomina humor qualquer fluído do nosso corpo, tal como humor aquoso ou o humor vítreo do globo ocular. Na medicina medieval, os quatro humores do corpo humano eram o sangue, a fleuma, a bílis amarela e a bílis negra. Supunha-se que uma pessoa era saudável quando os quatro humores estavam combinados em harmonia no seu corpo. Daí o bom humor, ou seja, estar em perfeita harmonia consigo mesmo e com os outros.”* 
*Caricatura – A imagem Gráfica do Humor, de Joaquim da Fonseca

Considerando o texto acima, chego à conclusão que uso da caricatura como forma de equilíbrio. Frente à turbulência política que hora nos abate, e a total incapacidade de reação, sinto uma necessidade quase incontrolável de botar no papel a cara de quem tenho ojeriza de ver. Simbolicamente posso destruí-lo no traço, mesmo sabendo que esse ato possa ter resultado inverso. Não faz mal. Agora está no papel! Quem disse que não se desenha com o fígado?