sexta-feira, 3 de maio de 2013

Sessão Clone 1


A partir de 1998 começamos a publicar o Boletim Garatuja. Era a oportunidades que tínhamos de divulgar nosso trabalho com mais profundidade. Na época não havia a facilidade do e-mail, facebook e tantos outros meios digitais de troca de informação, restando somente distribuir folhetos ou então publicar matérias nos jornais da cidade. Essas mídias tinham suas limitações, principalmente em relação a quantidade de informação e custo. Foi então que partimos para a produção de nosso próprio Boletim. Os patrocínios locais cobriam as despesas de impressão, mas o resto era totalmente produzidos por mim e a Élsie, sem ganhar nada. Fazíamos o boneco inicial, a venda de espaços publicitários, a realização dos anúncios, matérias, fotos, desenhos, ilustrações, diagramação e distribuição. A única etapa que não fazíamos era a impressão, que sempre foi da Gráfica Redijo, do meu amigo Marcelo Mitt. Não havia data certa para seu lançamento, numa das edições cheguei a colocar: nem mensal, nem semanal, apenas eventual. A partir do número 13 comecei a publicar, na última página, a Sessão Clone (falava-se muito em clonagem na época). Nessa sessão eu pretendia brincar com os humoristas mais conhecidos, copiando-lhes o estilo. Explico melhor: eu pegava uma piada de determinado humorista e recriava essa mesma piada num contexto local. Foi assim que ironizei a matéria publicada num jornal bastante conhecido da cidade que afirmava, categoricamente, existir mais de 500 artistas em Atibaia. Piada!? O primeiro artista clonado foi Carlos Estevão. Segue a matéria e os desenhos. Para visualizar melhor click na imagem. Mais informações: http://www.garatuja.org.br/bole.html

























Texto Sessão Clone do Boletim Garatuja

Rembrandt, Goya, Velázques e tantos outros artistas foram mestres em pintar retratos numa época em que não existia câmara fotográfica. Seus retratos passaram para a história quase sempre de forma idealizada e edificante. Outros artistas optaram por fazer o mesmo trabalho de forma diferente, através da caricatura e do desenho de humor.  Provavelmente sem a pompa dos artistas eruditos, mas sem dúvida são eles, os caricaturistas, que fazem o verdadeiro retrato. Ao contrário dos primeiros, que primam por atenuar os defeitos dos modelo, os caricaturistas procuram justamente exagerar nesses pormenores, aliás, daí o nome caricatura, que deriva do verbo italiano "caricare" (carregar, sobrecarregar, com exagero). Assim como no futebol, o Brasil e a Argentina são respeitados no mundo todo pelo time de humoristas que possui, talvez porque nossa classe política, assim como a de lá, esteja sempre dando uma forcinha. Mas se um político pode fazer muito estrago com uma caneta na mão, o humorista luta com a mesma arma, só que revelando ao povo a bunda nua do rei. A Sessão Clone é uma homenagem aos humoristas, onde a cada edição do Boletim Garatuja um artista será clonado, e se possível com temáticas adaptadas ao nosso torrão. Para começar vem o Carlos Estevão, pernambucano de humor fino, nascido em 1921, que fez muito sucesso nos anos 50 e 60 através da Revista O Cruzeiro, onde publicava semanalmente duas páginas com sátiras de costume, ironizando as fraquezas  humanas e o absurdo da vida. Retratava quase sempre os homens peludos e suarentos e as mulheres gordas e feias. Fez personagens como o Dr Macarra, que tinha sempre uma resposta pronta para  seus fracassos, e séries geniais como: Ser Mulher; Perguntas Inocentes; As duas Faces do Homem e As Aparências Enganam, aqui clonadas. Durante anos desenhou O Amigo da Onça, após o falecimento de Péricles, seu criador. Personagem lendário do humor brasileiro, O Amigo da Onça adapta-se perfeitamente a muitas pessoas que conhecemos ao longo da vida, daí seu eterno sucesso. Mas isso fica pra próxima edição. Carlos Estevão morreu em 1970, com menos de 50 anos.





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